ROTA DO TRÁFICO

Estrada de Pucallpa: abertura de ‘nova porta’ na fronteira traz à tona preocupação sobre aumento da criminalidade


O Acre é um estado que teoricamente estaria estrategicamente bem localizado para o narcotráfico, na fronteira com a Bolívia e o Peru, os dois maiores produtores de coca, matéria-prima da cocaína, no mundo.

Segundo dados da PRF (Polícia Rodoviária Federal), somente esta instituição apreendeu mais de 800 quilos de drogas no ano de 2021. Do total, cerca de 90% foram apreensões de cocaína. Entre outras drogas apreendidas também estão o crack, a maconha e o skunk. Este última é uma variação híbrida da maconha que potencializa seus efeitos.

Não demorou para que a região se tornasse palco de uma mais sangrentas disputas de território para narcotráfico do país, que fez com que o Acre se tornasse o segundo estado com a maior taxa de mortes violentas do país em 2018, atrás somente do Rio Grande do Norte.

Atualmente, as principais rotas para os países vizinhos estão na fronteira com Cobija, capital do departamento boliviano de Pando, na fronteira com Brasiléia e Epitaciolândia. Além dessa, há também acesso pelas vilas bolivianas Puerto Evo Morales, na fronteira com Plácido de Castro e Centro Virgen, com Capixaba. Além da cidade peruana de Iñapari, na fronteira com Assis Brasil.

A nova ‘porta’ seria aberta ligando o município acreano de Cruzeiro do Sul à cidade de Pucallpa no Peru. Polêmica por cortar o Parque Nacional Serra do Divisor, a estrada foi alvo de protestos de artistas, indígenas e é idealizado pelo senador Marcio Bittar (União Brasil) e a deputada federal Mara Rocha (MDB).

Sobre a questão da segurança, o secretário da Sejusp (Justiça e Segurança Pública), coronel Paulo Cézar, garantiu que a abertura de um novo braço na fronteira não deve melhorar ou piorar a chamada “cultura do crime”. Reforçando que a urbanização é um fator que ajuda a melhorar a segurança.

“Ter mais essa rota não vai melhorar ou piorar a cultura de crimes, mas melhorar a vida das pessoas. Essa é nossa expectativa. O narconegócio, que é uma das práticas mais rentáveis e prejudica o Estado, acontece independente desse projeto. Precisamos combater o crime e não o desenvolvimento”, acrescentou.

No entanto, o Brasil tem histórico de grandes problemas enfrentados com violência nas regiões de fronteira, a exemplo do que acontece entre Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, município que tem tamanho e população semelhante a de Cruzeiro do Sul e faz fronteira com Pedro Juan Caballero, no Paraguai. As drogas que entram no país são distribuídas para consumo no Brasil e também para exportação rumo à Europa.

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Anderson Siqueira

Editor-chefe, escritor, amante de meditação e da boa cozinha. Contato: andersonsiqueira.br@gmail.com