Junho chegou e com ele se reduz para quatro meses o tempo até as eleições marcadas para o dia 2 de outubro. No Acre, teremos possivelmente pela primeira vez em muitos anos, uma disputa onde o PT não é um dos protagonistas. Na última segunda-feira, dia 30, o ex-governador Jorge Viana informou que deve mesmo disputar o Senado, onde a situação está bem mais caótica e na política, onde há caos, há também oportunidades de votos.
Na opinião deste colunista, com a atual conjectura das eleições, a cadeira ao Senado – embora seja uma só neste ano – será mais fácil para o petista do que tentar um embate direto com Gladson Cameli – favorito nas pesquisas – e também de conhecidos adversários como Sérgio Petecão, que derrotou o próprio JV nas eleições de 2018 ao Senado.
Além desses, Mara Rocha é um nome que não pode ser deixado de canto. Mesmo não tendo conseguido eleger um irmão vereador em 2020, que ocorreu dentro de uma confusão política que marcava o rompimento com o Governo Gladson. Dois anos antes, ela havia sido a deputada federal mais votada e agora conta com o apadrinhamento de Flaviano Melo, no MDB.
Sem a figura de Jorge Viana no cenário do Palácio Rio Branco, quem cresce é Jenilson Leite, do PSB, que até deve ter o apoio do PT nas eleições, mas antes precisa resolver uma ferida que está aberta entre os dois partidos desde as eleições de 2020. Longa história…
Finalizando esse quarteto “de maior poder” na briga, restam ainda três: David Hall tentando mais uma vez a vaga; e os estreantes: Jorge Moura, representando a extrema-direita e o bolsonarismo; e Nilson Euclides, lá no outro extremo ideológico, lançado pelo PSol.
Conheça agora, por ordem alfabética, os 7 pré-candidatos confirmados para a disputa ao Governo do Acre.
DAVID HALL (AGIR)
Até o momento, o mais jovem na disputa. David Soares Hall tem 34 anos, é professor do ensino médio e tenta pela segunda vez ser governador do Acre. A primeira tentativa ocorreu nas eleições de 2018, como candidato do Avante, mas acabou ficando na última colocação recebendo apenas 1.215 votos. Este ano, David Hall será candidato pelo Agir, legenda que até março deste ano se chamava Partido Trabalhista Cristão (PTC). Ele inicialmente seria candidato pelo Cidadania, mas deixou a sigla após não concordar com uma possível federação partidária com o PSDB. É natural de Rio Branco.
GLADSON CAMELI (PROGRESSISTAS)
O atual governador do Acre, Gladson de Lima Cameli, tem 44 anos e formação em engenharia civil. Será candidato à reeleição pelo mesmo partido por qual foi eleito em 2018, o Progressistas, por onde venceu em primeiro turno Marcus Alexandre, dando fim a uma sequência de mandatos do PT que acontecia desde 1999. Nascido em Cruzeiro do Sul, Gladson traz a política do berço, uma vez que seu tio Orleir já foi governador do Acre entre 1995 e 1998. Foi eleito pela primeira vez em 2006 como deputado federal, se reelegendo em 2010. Em 2014 foi eleito Senador, derrotando Perpétua Almeida, do PCdoB. Deixou o cargo 4 anos depois para tomar posse no Governo .
JENILSON LEITE (PSB)
Nascido em Tarauacá, Janilson Lopes Leite, de 44 anos, mais conhecido como Dr. Jenilson será o candidato do PSB para o Governo. Jenilson se formou em medicina em Havana, capital de Cuba, revalidando seu diploma na Ufac, onde posteriormente fez na Fundhacre residência em infectologia, sua especialidade. Antes de entrar para a política, foi presidente da Associação Médica Nacional e foi eleito pela primeira vez deputado estadual em 2014 pelo PCdoB. Foi reeleito em 2018 ainda pelo partido comunista, mudando de sigla em 2019. Durante o ano de 202o, atuou na linha de frente no combate à Covid-19, tendo chegado a pedir afastamento de suas funções parlamentares na Aleac para auxiliar nos atendimentos.
JORGE MOURA (PRTB)
Se não há experiência política para Jorge Moura, não lhe falta talento para lidar com o agronegócio. O ‘Rei da Soja’, como é mais conhecido, é o maior produtor do grão no estado e pretende ser candidato pelo PRTB, partido fundado por Levy Fidelix, ex-candidato a presidente falecido em 2021. Moura é alinhado ideologicamente com o presidente Jair Bolsonaro e defende o crescimento econômico através do agro. Nasceu em Rio Branco e segundo contam, começou a vida de agricultor quase do zero em pequenas colônias até se tornar uma das potências na criação de gado, sendo um dos empresários mais bem-sucedidos no ramo.
MARA ROCHA (MDB)
Você pode não saber quem é Cylmara Fernandes da Rocha Gripp, mas com certeza já ouviu falar dela através do nome Mara Rocha. A jornalista de 48 anos comandou o telejornal Gazeta em Manchete, da TV Gazeta, por 17 anos. Nascida em Rio Branco, Mara será a candidata do MDB. Após deixar a TV Gazeta sob muita polêmica em 2017, Mara se mostrou um forte nome político e chegou a ser cogitada como possível candidata à vice de Gladson em 2018, vaga que ficou para seu irmão, Major Rocha. Naquele ano, foi lançada como candidata a deputada federal pelo PSDB, tendo sido a mais votada de todo o estado. Mudou de partido em 2022, também sob muita polêmica.
NILSON EUCLIDES (PSOL)
Se as eleições ocorressem por análise de currículo, Nilson Euclides com certeza estaria nas cabeças. Professor-doutor em Ciências Políticas da Ufac, Nilson tem 58 anos e carregará o fardo de ser o único pré-candidato que não nasceu no Acre. Natural de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, cresceu no interior de São Paulo e se mudou para a capital paulista na adolescência, vindo morar no Acre em 1994, onde se formou. O professor nunca ocupou um cargo eletivo.
SÉRGIO PETECÃO (PSD)
Se experiência política é o que falta para alguns candidatos, Sérgio de Oliveira Cunha, o Petecão, tem de sobra. Não só por ser o mais velho da disputa, com 62 anos, mas por ter se candidatado pela primeira vez em 1984 e não ter saído de cena desde então. Sua primeira eleição, no entanto, veio em 1994 como deputado estadual. Em 1996, se candidatou a prefeito de Rio Branco, ficando em 4º lugar. Já em 1998, foi reeleito deputado estadual, chegando a ser presidente da Aleac. Em 2000, tentou novamente ser prefeito, sem sucesso. Foi reeleito mais uma vez como deputado em 2002. Em 2006, deu um salto em sua carreira política quando foi eleito para a Câmara Federal, mas continuava sem sucesso em suas campanhas majoritárias, como na derrota para Angelim pela prefeitura de Rio Branco em 2008. Em 2010, subiu mais um degrau no parlamento e foi eleito senador, cargo para qual foi reeleito em 2018.